Ficha do CASA
Luis Carlos Xavier Volcan (Frank)

Coletivo CASA
COLETIVO AUTÔNOMO DE SOLIDADRIEDADE AUTOGESTIONÁRIA

1) Breve história do grupo ou experiência

A casa é o espaço de referência de cada um de nós. É de onde saímos e para onde retornamos no dia-a-dia de nossas vidas. Faz parte do caminho que percorremos no quotidiano, nossa referência afetiva, emocional, espaço onde guardamos as nossas melhores memórias, os nossos sonhos. Nós buscamos o novo. Queremos uma sociedade mais justa. Acreditamos que a solidariedade seja o motor desta transformação e o cooperativismo, assim como outras associações autogestionárias o seu caminho. Trabalhamos na linha da economia social solidária no meio cooperativo e sindical desenvolvendo ações cooperativadas, plantando sonhos e esperanças com apoio mútuo entre companheiros fraternos, para construirmos uma nova sociedade. Não somos uma organização formal, somos um grupo que, procurando um espaço para discutir o ser solidário que existe em todos nós, se reúne e toma decisões em assembléias, formado por um provisório conselho administrativo, que se dissolve logo após o evento. Por isso criamos -Inspirado no CASAL dos Hermanos espanhóis - o Coletivo CASA - Coletivo Autônomo de Solidariedade Autogestionária, não é uma sigla escolhida por acaso. É Coletivo porque se propõe a centralizar os recursos e ações de uma maneira mais eficaz. É Autônomo porque não está subordinado a nenhuma outra organização (sindicato, partidos políticos, governos, federações, religiões, etc.). É de Solidariedade porque este é o sentido que orienta e serve de base a toda a nossa visão de mundo e de transformação da sociedade. É Autogestionária porque serão seus integrantes que irão estabelecer sua forma de funcionamento, de sobrevivência e financiamento sem estruturas burocráticas e hierárquicas. Nos propomos a substituir o EU egoísta ao conteúdo social do NÓS. Que a nossa máxima não seja somente o "eu estou bem", mas sim o "eu estou bem, se você também estiver bem". Neste sentido, chamamos a todos a percorrerem o mesmo caminho, já que não queremos trilhá-lo sozinho, vamos para a edificação de cada um dos nossos sonhos.

2) Situação atual e perspectivas de futuro?

Temos como pressuposto que a construção de uma nova ordem social depende da mudança de relações humanas, e por isso, acreditamos que essa construção se dá no quotidiano. Partindo da singularidade, construir coletivamente. E quando falamos em solidariedade estamos nos referindo a relações que envolvam respeito, equidade entre os seres humanos, bem como o espaço onde habitam, o meio ambiente, como uma rede de ajuda-mútua onde uns podem contar com os outros em diversas situações. Antevemos, num futuro bem próximo, a união fraterna dos inúmeros grupos cooperativos atualmente distanciados. Que se traduzirá desde a troca de informações e intercâmbio entre pessoas e projetos, organização do consumo - com a constituição de redes de cooperativas e associações autogestionárias, organização e viabilização da produção, serviços, formas diferenciadas de trabalho e uma infinidade de projetos que os nossos corações, mentes e a nossa imaginação possa criar. Partimos do pressuposto que somos um significativo mercado de produção e de consumo, mas extremamente desorganizado. Articulados, poderemos, aí sim, buscar recursos, mercado para nossos produtos e alcançar a nossa estratégia de desenvolvimento econômico e social, com parcerias com o setores público e privado.

3) Principais dificuldades encontradas até hoje?

A maior dificuldade atualmente é o grande envolvimento de quase todos os participantes do Coletivo CASA, nas entidades organizadas, na luta social em cooperativas, sindicatos e associações. Por isso, e mesmo assim, lutamos contra todas as formas de pobreza e exclusão social e para a construção de uma sociedade justa, com democracia, cidadania plena e estabelecimento da qualidade de vida. Mas nos deparamos, diariamente, com um número crescente de desempregados e desesperançados, com um contigente que se joga cada vez mais para a informalidade e não param, para pensar saídas cooperativadas com grupos solidários efetivos. E, quando isso acontece, a situação geralmente é desesperadora e a corda já está no pescoço. Sabemos, por isso acreditamos, que essa construção se dá no quotidiano. Partindo da singularidade, queremos construir coletivamente. E, quando falamos em solidariedade, estamos nos referindo a relações que envolvam respeito, equidade entre os seres humanos, com relações amorosas não só interpessoais, mas também com o meio ambiente.

4) Principais vitórias ou derrotas que temos conseguidos até hoje? Trabalhar com uma estrutura simples, sem hierarquia, onde não haja delegação nem burocracia no processo de tomada de decisão, mas que tenha como principal objetivo a concretização da solidariedade entre pessoas e projetos. Onde todos possam decidir tendo livre expressão de suas idéias, desejos, ouvindo e se fazendo ouvir, compartilhando e propondo sobre todas as questões tratadas. Uma das maiores dificuldades é expressar melhor a auto-sustentação como um instrumento importante para viabilizar, através da contribuição solidária, momentos de reflexão e ações concretas para viabilizar os projetos envolvidos.

5) Expectativas e desejos ou objetivos que gostaria de conseguir no Encontro?

De forma organizada e articulada podemos construir alternativas para nossas necessidades e nossas vidas. Isto demonstra que a construção de qualquer projeto depende da soma de esforços e da criatividade de cada ser singular, no coletivo. "Não existe limite à expansão dos nossos serviços aos vizinhos. Estes vão além das fronteiras criadas pelos Estados. Deus nunca criou fronteiras" (Mahatma Gandhi).

6) Acreditas que se poderia fazer propostas concretas para a construção de uma rede entre experiências similares?

Sendo o trabalho fonte de riqueza, todos que o produzem têm o direito de se apropriar de seus resultados. Com o trabalho de todos em beneficio de todos, com auto-organização e autogestão, temos a capacidade de traçar os rumos do nosso próprio destino e nos responsabilizarmos por ele, possibilitando uma rede de organizações engajadas na construção de um modelo de desenvolvimento econômico socialmente justo. De forma organizada e articulada podemos construir alternativas para nossas necessidades, nossas vidas, consolidar uma rede de solidariedade que possibilite a transparência, honestidade, fraternidade, respeito mútuo, cooperação, lealdade, confiança, cumplicidade, união, franqueza, gratuidade, amizade e a busca da felicidade. Isto demonstra que, para o desenvolvimento dos projetos, é necessário o esforço e a solidariedade de cada um, sendo-se a independente de qualquer organização pública e privada. Através de grupos solidários, como as cooperativas e outras formas de trabalhadores, com um mínimo de organização - sejam em associações autogestionárias ou nos sindicatos - coletivamente podemos potencializar o nosso real desenvolvimento, viabilizar o nosso sonho e construir nesse mundo real, a rede para autogerir esse sonho-sonhado.
Luis Carlos Volcan-Frank